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Durante pelo menos 40 mil anos, as pessoas têm seguido, na maioria das vezes,duas estratégias para lidar com o mundo: a estratégia da carpa e a do tubarão. Dudley Lynch e Paul L. Kordis revelam uma nova e poderosa estratégia, que brotou tardiamente, porém de forma plenamente desenvolvida, a partir de um cérebro dotado da compreensão de que o mundo mudou e, portanto, também devemos mudar.
As pessoas que utilizam apenas a estratégia da carpa sofrem de uma hipnose cegante – uma incapacidade de reconhecer aspectos fundamentais do mundo como um todo e aceitá-los como verdadeiros. Por outro lado, aquelas que estão habituadas à estratégia do tubarão são viciadas. Suas compulsões as condenam a serem eternamente “rinocerontes em lojas de louças” – ou coisa pior – no âmbito de nossas sociedades, organizações e famílias. Originalmente motivados pelo prazer, os tubarões, a longo prazo, passam a ser motivados pela evitação da dor.
O cérebro “antigo” nos oferece três alternativas de comportamento para reagirmos aos acontecimentos externos: lutar, fugir ou nos imobilizar. Uma carpa
(isto é, uma pessoa que utiliza a estratégia da carpa) geralmente recorre a apenas duas dessas opções: fugir ou se imobilizar. Obviamente, as carpas são muito predadas. Todavia, se alguém se der ao trabalho de permanecer em suas águas, em meio a muitos amigos-carpas e fazendo principalmente trabalhos de
carpa, em determinadas ocasiões essa pessoa será capaz de levar uma vida relativamente segura. Se tiverem uma escolha, as carpas geralmente vão em frente. No entanto, se puderem, elas evitam inteiramente fazer escolhas.
Há ocasiões em que faz sentido ser uma carpa dentro de uma organização. Existem também casos em que faz sentido ser um tubarão. A estratégia do tubarão é, muitas vezes, vista como uma técnica voltada para produzir um ganho pessoal, independentemente dos custos. Quando você precisa nadar nas vizinhanças do tubarão, as regras são bastante claras: descubra qual é o aspecto e quem são eles (os tais com dentes aguçados). Não os menospreze e faça um bocado de barulho. Não ande por aí com os peixes que servem de isca (as carpas). Não tenha medo de afugentar um tubarão quando algum deles se aproximar de você com o nariz empinado (às vezes, basta dar uma boa pancada no focinho dele). Se for mordido, não sangre. Não se canse nadando contra a maré e o mais importante de tudo: encontre outros golfinhos para nadarem ao seu lado.
Os “verdadeiros” golfinhos são algumas das criaturas mais apreciadas das profundezas. Podemos suspeitar de que eles sejam muito inteligentes – talvez, à sua própria maneira, mais inteligentes que o Homo Sapiens. Seus cérebros, com certeza, são suficientemente grandes – cerca de 1,5 quilogramas, um pouco maiores que o cérebro humano médio – e seu córtex associativo, a parte do cérebro especializada no pensamento abstrato e conceitual, é maior que o nosso.
O comportamento dos golfinhos em volta dos tubarões é legendário e, provavelmente, eles fizeram por merecer essa fama. Usando sua inteligência e astúcia, eles podem ser mortais para os tubarões. Matá-los a mordidas? Oh, não! Os golfinhos nadam em torno do tubarão e o martelam. Usando seus focinhos bulbosos como clavas, eles esmagam metodicamente a “caixa torácica” do tubarão até que a mortal criatura deslize impotente para o fundo do mar.
Os golfinhos pensam? Sem dúvida. Quando não conseguem o que querem, eles alteram seus comportamentos com precisão e rapidez, algumas vezes de forma engenhosa, para buscar aquilo que desejam. Se os golfinhos podem fazer isso, por que nós não? A estratégia do golfinho exige que reflitamos a respeito do modo como pensamos. Isso eleva as capacidades humanas de competir e se modificar. Os “golfinhos” apreciam, utilizam, exploram e experimentam ao máximo a capacidade de um cérebro humano plenamente envolvido, integrado e altamente social (interiormente) de ajudar a si mesmo e a outros cérebros a fazerem uma avaliação crítica de suas decisões.
Se você prestar atenção nos aspectos dessas três estratégias, poderá evitar as principais armadilhas das estratégias da carpa e do tubarão. É variável a facilidade com que as diversas categorias de pessoas e organizações podem alcançar a “golfinização”. É óbvio que algumas terão de lutar com as “barreiras naturais da alma” para fazer isso acontecer. Mas precisamos nos desafiar para permitir o surgimento de uma nova dimensão de pensamento e posicionamento.
Tanto o homem quanto os golfinhos prosperam num ambiente difícil. Ambos estão sempre vigilantes, interpretando as correntes, buscando informações e
monitorando desenvolvimentos. Eles nadam bem em qualquer oceano, flutuam em qualquer corrente e mergulham em qualquer tanque. Saem-se bem operando em conjunto – e agem com competência quando estão sozinhos. Se as coisas não estão funcionando, eles muitas vezes procuram algo diferente, que realmente funcione. E, como já foi dito, eles podem matar um tubarão!
A estratégia do golfinho é uma procura eficaz daquilo que funciona, do que faz sentido. Os golfinhos não se dão por vencidos nem desistem até que façam a
diferença. Quando isso acontece, então eles podem se render.
Eles também são inflexíveis em questões de princípios, a não ser que o princípio não faça mais qualquer sentido. Embora gostem de vencer, não precisam que você saia perdendo – a menos que insista nisso. Os golfinhos dizem a verdade e, assim, evitam desperdiçar tempo, energia e recursos para manter uma encenação
inútil e improdutiva.
Os golfinhos têm uma visão de como eles gostariam que fosse uma corporação, uma organização ou o próprio mundo, porém não se comportam como camicases em
relação a isso. Eles quase sempre atuam tendo em mente o “quadro geral”, mas também conseguem se concentrar nos menores detalhes.
Os golfinhos dão extraordinários líderes e administradores e, num mundo em que colocam suas capacidades superiores de raciocínios tático e estratégico para
funcionar, sempre que são desafiados eles acabam mantendo as carpas e os tubarões numa situação cada vez mais desequilibrada e desvantajosa.
Mesmo que esteja determinado a continuar sendo uma carpa ou um tubarão, você talvez ache interessante expandir os seus conhecimentos a respeito dos golfinhos e de sua maneira de pensar.
“Sou uma carpa e acredito na escassez. Em virtude dessa crença, não espero jamais fazer ou ter o suficiente. Assim, se não posso escapar do aprendizado e da
responsabilidade, permanecendo longe deles, eu geralmente me sacrifico.”
“Sou um tubarão e acredito na escassez. Em razão dessa crença, procuro obter o máximo que posso, sem nenhuma consideração pelos outros. Primeiro tento vencê-los; se não consigo, procuro me juntar a eles.”
“Sou um golfinho e acredito na escassez e na abundância potenciais. Assim como acredito que posso ter qualquer uma dessas duas coisas – é esta a nossa escolha – e que podemos aprender a tirar o melhor proveito de nossa força e de nossos recursos. Sou flexível e tenho capacidade de fazer mais com menos recursos.”
Não importa como era ou é a sua estratégia até esse momento. A questão está em qual será a sua estratégia após essa leitura: da carpa, tubarão ou
golfinho? Quais serão seus pensamentos daqui para frente? Como você irá se posicionar? |
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