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No mundo das startups, tem-se falado muito sobre novas metodologias de desenvolvimento de negócios como a Lean Startup e o Canvas do Business Model Generation, em alguns casos até com uma certa idolatria, o que é preocupante. Explico porque:
A Lean Startup (ou "A Startup Enxuta" como traduzido para o português) é uma metodologia de desenvolvimento de negócios inovadores, inspirado em conceitos do Lean Manufacturing da indústria automotiva, definindo processos de criação de novos produtos e serviços com o mínimo de desperdício, através do desenvolvimento ágil, muita iteração, medição e validação junto aos consumidores. É importante observar que esta metodologia foi criada nos EUA, após a bolha da Internet e da crise de 2008, em que o capital ficou mais escasso e sendo necessário limitar os investimentos. O seu autor (Eric Ries) descreve sua experiência pessoal de ter tido um fracasso total após demorar 5 anos e gastar US$ 40 milhões para lançar a primeira versão do primeiro produto de uma startup sua. Cabe observar que o brasileiro quase sempre já é Lean, pois como nunca tivemos recursos ($$$) abundantes, sempre tivemos de fazer bootstrap¹ que implica em ser enxuto, levando o produto mais rapidamente possível para o mercado para "pagar as contas", mas tendo feedbacks muito importantes e ir melhorando o produto conforme a aceitação.
Já o Business Model Canvas, foi derivado de uma dissertação acadêmica² do seu co-autor (Alexander Osterwalder) para a criação de uma metodologia de desenvolvimento de modelos de negócio (Business models). Como mencionado pelo próprio autor, os Business Models foram muito utilizados pelo negócios ligados a tecnologia, em especial de Internet e o propósito do Canvas é ser uma ferramenta para facilitar a criação e comunicação de modelos de negócio. Observe que destaquei a palavra "ferramenta", pois da mesma forma que se tentar utilizar uma chave de fenda para tentar bater um prego, não dará certo, tentar usar o Canvas para qualquer negócio, pode também dar errado.
Assim, deve-se ter cuidado com a forma de disseminação das mesmas, pois tem-se a tendência de ir direto a ferramenta, quando na realidade é necessário antes entender bem a prática. A analogia que faço é quando se tenta-se ensinar alguém a andar de bicicleta apenas pela teoria, sem nunca ter sentado num selim para sentir as dificuldades e então aprender a técnica.
Enfim, sem desmerecer todo mérito que estas (e outras) metodologias têm, é essencial antes de se utilizá-las entender bem os conceitos que estão por trás da mesma e ter a visão da prática de negócios. O maior erro é achar que são uma "fórmula mágica para o sucesso" e "seguir como receita de bolo", pois isto certamente levará ao fracasso.
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